A FAMEMA foi criada como Instituição Pública Municipal em 1967, atendendo antiga reivindicação da prefeitura e da população local. A instituição surgiu como instituto isolado de ensino superior, somente com o curso de medicina, e cobrava mensalidades de seus estudantes. Neste mesmo ano surgia o Diretório Acadêmico Christiano Altenfelder (DACA), que ganhou seu nome em homenagem a um dos patronos da Faculdade.
Naquela época, as aulas eram ministradas nos porões do Hospital das Clínicas, por professores que vinham de São Paulo. A falta de infraestrutura, campos de estágio e professores disponíveis para a graduação eram sérios problemas do curso. Em 1978, a Faculdade passava por crise financeira por dividir suas verbas com os dispêndios do setor hospitalar, o que levou à demissão de professores e aumento do número de alunos por turma, desencadeando a revolta dos estudantes que, em resposta, ficaram 20 dias em greve, exigindo reestruturação das disciplinas básicas e o racionamento da administração hospitalar. Em 1981, a diretoria vigente propôs o aumento das mensalidades como resolução dos problemas financeiros. Novamente o movimento estudantil se organizou em uma greve que durou mais de 100 dias e envolveu 120 estudantes em uma encruzilhada até Brasília para exigir o direito ao ensino de qualidade ao MEC.
Em 1992, a FAMEMA foi escolhida pela Fundação Kellogg, para receber apoio técnico e financeiro para o desenvolvimento de um projeto baseado na parceria entre a academia, os serviços de saúde e a comunidade. Este projeto possibilitou melhorias em sua estrutura física e a construção de um novo modelo curricular para os cursos de Medicina e Enfermagem e retardou o colapso financeiro da instituição. Dessa parceria surge o pioneirismo no uso de metodologias ativas.
Durante toda a década 90 o movimento estudantil da FAMEMA faz da sua bandeira principal a estadualização da Faculdade e sua encampação por uma universidade pública do estado de São Paulo. Os estudantes negam mais uma vez o aumento de mensalidades, param de pagar os valores como forma de pressão e convocam a comunidade acadêmica e a população mariliense para compor sua luta. A forte campanha realizada pelos estudantes na ALESP consegue apoio político para o processo de estadualização. Até que, em 1994, a FAMEMA é estadualizada pelo Governo do Estado de São Paulo, e passa a ser estadual e gratuita! A carta de compromisso com a estadualização foi assinada pelo governador Fleury na própria sede do Diretório Acadêmico, demonstrando mais uma vez a força e a vitória do movimento estudantil.
Mas a vitória da estadualização não significou o esgotamento das lutas. O isolamento da instituição continuou permitindo a precarização do ensino, falta de professores e de políticas de assistência estudantil. Em 2011, novamente o movimento reergue a pauta da encampação da FAMEMA por uma universidade pública como uma solução. Como forma de protesto, os estudantes boicotam o Teste de Progresso para trazer a pauta à atenção da direção da Faculdade e do Estado. Assim, em 2012, após o Fórum Institucional a FAMEMA, dá-se início ao processo de autarquização do seu complexo de Hospitais das Clínicas. A autarquização do HC significa que a administração da assistência à saúde será separada da Faculdade, a fim de viabilizar um melhor orçamento e gestão, permitindo também que a Faculdade funcione com maior aporte de verbas, que antes eram desviadas para custear o hospital.
Em 2013, com a morosidade do processo e a precarização das condições de trabalho na instituição, funcionários e professores entram em greve pelo reajuste salarial e melhores condições de trabalho. Nesse contexto, o movimento estudantil se junta à greve geral para reivindicar melhores condições de ensino e a encampação da Faculdade, levando novamente suas pautas para a população mariliense e para a ALESP. Com esse movimento fortalecido, os estudantes conseguem inserir-se no processo de revitalização do currículo, propondo melhorias na estruturação das séries; e também conquistam o aumento das bolsas para garantir a permanência dos estudantes carentes e aumento do número de livros na biblioteca.
Hoje, o processo de autarquização já foi aprovado e está em implementação. Ainda é necessário garantir que essa autonomia não seja um gancho para a privatização do hospital público e para a perda de cenários de estágio para os estudantes. Enquanto isso a encampação por uma universidade se coloca como uma possibilidade, mas somente se continuarmos em luta por ela, pois não há interesse dos gestores da Faculdade em se submeter administrativamente a uma universidade.
Nossa instituição ainda sofre muitos ataques das políticas privatizantes e precarizantes do estado autoritário. Não temos professores suficientes para muitas disciplinas, e os professores que temos precisam de melhores salários e condições para se dedicar a graduação; nosso currículo e avaliação precisam de uma melhor estruturação e precisamos de mais investimento em infraestrutura e nas políticas de assistência estudantil, que ainda são muito limitadas.
Queremos fazer história dentro da nossa instituição! O movimento estudantil nunca dormiu e nunca vai dormir, estará sempre lutando e de braços abertos para todos que anseiam novas mudanças, brigando por uma faculdade melhor, que proporcione médicos de excelência para atuar na sociedade.
Venha fazer parte do movimento estudantil e coloque seu nome marcado nessa história de lutas!